quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


               Hora de (re) começar!



Trouxe este post para relermos e iniciar uma nova jornada de reflexões....
Neste milênio ao fazermos o balanço da Escola Pública,  deparamos com conquistas, mazelas e realidades que apontam para um marco paradoxal na Educação.
 Vejamos: pode – se considerar como avanço termos crianças e adolescentes, filhos de pessoas, que ao longo dos 500 e poucos  anos foram excluídas do acesso à escola, ao trabalho, a terra, à renda, à moradia, bens culturais e ao conhecimento.
 Quem está entrando na escola pública são as crianças dos setores populares mais empobrecidos, marginalizados. Os alunos mais vitimados pela sociedade.
 A escola já vinha esvaziando, da camada da elite, que se encontra nas escolas particulares. ISTO NÃO É O IDEAL... BOM SE FOSSE DIFERENTE, TERIAMOS UMA SÓ ESCOLA PARA TODOS!!!!
 Esta abertura proporcionou que a escola defrontasse com a “riqueza” da diversidade: étnica, racial, social, de gênero. AQUI, SIM, CABERIA ESTA ESCOLA PARA TODOS!
 Um sonho que desde 64 vinha sendo alimentado pelo povo deste País. Uma Escola para Todos. Ainda não ideal, mas um bom começo!!!!
Falei 64. O que aconteceu neste longo período com essas crianças?
" Enquanto nos demais países as crianças estavam sob controle na escola, no BRASIL, culturalmente, formavam a população dos excluídos," através da repetência, evasão, analfabetismo.
Nunca podemos esquecer: O QUADRO NEGRO DA EDUCAÇÃO! Apontado na década de 80 nos congressos.
 E não só da escola, inclusive do trabalho, formando uma população de pivetes, flanelinhas. Para que escolarização???
. "Enquanto na escola zero na vida dez!"!!!! Uma  questão social, que era cuidada  pela polícia, e pela FEBEM ... E assim perdemos a chance de formar cidadãos ordeiros, socializados e produtivos.
 "Em contra partida, o primeiro grande avanço, a considerar, significativo da educação escolar nas últimas décadas, são essas crianças terem garantidos sua entrada nas escolas."
" Mas foi na década de 90 que conseguimos universalizar o acesso à escola e nela à presença da população de 7 a 14 anos."
" Infelizmente, mesmo com esse sucesso não ficou resolvido o desafio da qualidade do ensino." É uma questão óbvia.
Que qualidade???? Se essas crianças que entravam não tinham acesso ao saber? Seus pais não tinham como ajudá - los e, a pré – escola não era ainda universal?
 Por incrível que pareça, o maior obstáculo que impede, ainda, a melhoria da qualidade é a percepção. Por parte da sociedade brasileira, a escola está muito bem: Como?
" Os pais querem vaga, o sistema oferece vagas para Todos. Os pais não percebem as deficiências graves na qualidade do ensino."
 Apesar da mazela, a lógica é obvia também: os pais queriam ver seus filhos ocuparem uma cadeira escolar. E como perceberem e mexerem nas feridas ,que sangram ,doe e os mantiveram afastados da escola???Como?
Esses pais veem de uma escola que nunca os receberam bem, reprovaram - nos , fizeram acreditar que não aprendiam, expulsaram - nos, e uma grande maioria, permanece analfabetos????
 Uma vez postei a fala do Jamil Cury: "Esta lei que chega ( 9394/96) é como um estádio de futebol, todos vão entrar, jogar, mas ao saírem na roleta estará a avaliação".
 É verdade, o Saeb, a prova Brasil, o Ideb e o Enem constatam que é muito deficiente a nova qualidade de ensino.
 É o que nos resta a pensar: O que queriam provar? Que as crianças das camadas populares não tinham condições para estarem nessa escola que até então era para a camada da elite?
 Na década de 80 já constatava que 50% das crianças que entravam nas 1ª séries repetiam ou evadiam, 50% dos alunos das 5ª séries eram reprovados e evadiam apenas 20% dos alunos chegavam as 8ª séries. Quem eram esses 50%?
"O Pisa mostra que o Brasil está entre os países mais fracos em matéria de Educação, dentro de um grupo de 50 maiores nações."
Mesmo não atendendo as exigências metodológicas da  lei, tem se tentado fazer aprendizados mais simples como: Ler, entender o que está escrito, escrever, usar números e resolver problemas. Mesmo assim ainda não conseguem. Pode se pensar no tempo e espaço desses novos tempos. Mas é mais fácil achar culpados.
"Acusam os professores: não dominam os conteúdos que ensinam e não sabem dar aulas"....
 Podemos dizer que os professores foram formados para trabalharem com uma classe social que tinham pré- requisitos para a escola que tínhamos. A demanda, agora,  é outra E eles não foram preparados para receber essa nova clientela, os excluídos. Que exigem um novo olhar, uma maneira diferente de trabalhar. Por que, não?
Eles têm uma formação diferente, sim. A lei exige outras prioridades, nova concepção.
 Nesse sentido, fica visível a valorização da docência, desde a atração para carreira, à formação sólida em elementos teóricos, metodológicos e práticos, a dignificação do valor do trabalho, e a melhoria das condições profissionais.
Será necessária toda uma nova “roupagem” para os professores. Ainda mais que sua função será de dupla jornada: ENSINAR e EDUCAR (cuidar).
 Há de se pensar com seriedade tais questões,  ao invés de colocar culpados em tudo isto.
 É preciso uma dose grande de amor porque se os alunos, hoje, da classe popular garantiram sua permanência na escola, fazendo assim, sua parte, lutou e esta lá. Agora cabe a docência garantir sua parte na qualidade de ensino. É uma boa hora, neste início de 2010, esta luta.
 Por tudo que foi falado esta luta é nossa, afinal somos os profissionais da Educação. Os professores...
 E podemos perceber que a escola está em nossas mãos. Somos os pilares do mundo. Chegou a hora de provar isto.
 E a lei nos dá esta autonomia, precisamos lançar mãos dessa bandeira, antes que nos" a" tirem...
 O maior pensador de nossa história educacional, Paulo Freire deixou – nos um legado na nossa história:
” Não se trata teoria separada da prática. (...) não se aceitam concepções acabadas de conhecimento, apenas aquela construída em diálogo com o mundo, visando a transformá- lo e por fim, não se concebe a pedagogia com somatória de saberes técnicos voltadas ao adestramento, mas como prática dialógica, comprometida com a liberdade” (Pedagogia do oprimido).   IMORTAL.....
 Assim sendo não basta mais só ler, escrever e fazer contas....
 Esse aluno merece ser cuidado: pensar, ter voz e vez, e aprender o conceito de democracia, da liberdade responsável e, sobretudo de serem cidadãos qualificados!!!!!
E nós EDUCADORES, devemos isto a eles: É uma dívida de honra.!!!!!
Texto baseado no caderno suplemento do Jornal Estado de Minas(fonte)




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